19 maio, 2009

A ALMA QUE CHORA

A ALMA QUE CHORA

O corpo que anda
O copo que entorna
Move a alma que chora.


A boca que fala
A mão que afaga
Confortam a alma que chora.

Os braços que envolvem
O peito que aquece
Protegem a alma que chora.

Os olhos que veem
A mente que pensa
Perguntam: Por que a alma chora?

OS ATOS DA ROSA

OS ATOS DA ROSA

O beijo da rosa
A alma que aflora
O espinho da rosa
A lágrima que brota
O caule da rosa
A libido sufoca
O broto da rosa
A vida devora

13 maio, 2009

Vestimenta

Sapato sujo não limpa o chão.
Sapato sujo não ganha o pão.
Sapato sujo é do ladrão.
Sapato sujo também é do chefão.

Camisa rasgada não veste ninguém.
Camisa rasgada não vale um vintém.
Camisa rasgada só pobre a tem.
Camisa rasgada o trabalho não vem.

Calça furada provoca exclusão.
Calça furada não causa tesão.
Calça furada, a moda do mundo cão.
Calça furada, dor e solidão.

A vestimenta que alimenta.
A vestimenta que ao pobre atormenta.
A vestimenta que o rico ostenta.
A vestimenta é a ferramenta.

Vestir-se para a vivência.
Vestir-se pura conveniência.
Vestir-se por obediência.
Vestir-se para a sobrevivência.

Despir-se é uma indecência.
Despir-se para perder a inocência.
Despir-se por pura decadência.
Despir-se também para a sua existência.

05 maio, 2009

AMARGO

É o gosto
Que vem do rosto
De um certo entojo.
Num momento grosso
O sentimento de remorso
Não se desfaz o ato
Nem se esquece o fato
O tempo é amargo.