31 agosto, 2007

Incómodo

Uma dose de ópio,
Para aliviar o meu ódio.

Uma bacia de gelo
Para resfriar o meu pesadelo.

Um copo de sangue,
Para levar a vida que segue.

Uma latrina com bostas,
Para aliviar o peso nas costas.

Uma horrenda canção,
Para saudar este mundo cão.

Uma flor e um caixão,
Para presentear os que se vão.

Uma paixão desmedida,
Para por um sentido na vida.

Uma cerveja bem gelada,
Para acalmar a sede que mata.

Um palavrão cabeludo,
Para simbolizar isto tudo.

Uma acção que faça jus,
Para que todos tomem nos seus respectivos "cus".

26 agosto, 2007

Mutação

...e o gelo que envolvia o seu corpo, os olhares friamente reservados a todos ao seu redor, enfim, toda a sua armadura friamente confeccionada se tornou completamente obsoleto diante daqueles olhos flamejantes.

Dura luta entre o fogo e o gelo, porém, mesmo cercado efusivamente pelas chamas que insistiam em lhe atingir, ele se manteve firme, heroicamente resistente.

Completamente ferido, seu corpo alucinantemente machucado, esquentando-se, incendiando-se, ele corre, porém não consegue escapar. Não há abrigo, não há como fugir.

Com o corpo em chamas, seu coração ainda persistia frio, gelado, era a sua última esperança para sobrevivência, em se flagelar novamente, em se manter forte, mas o ataque foi direto, forte, ardentemente fatal.

Olhares quentes, contatos corporais diretamente inflamados, incendiários, luzes, sombras, batalhas no céu, na terra, cruzados, golpes certeiros, esquivas sem efeitos, e... fim.

E o fim o assombrava, olhos estáticos para o infinito, restos gélidos tentavam se multiplicar, mas as chamas o haviam tomado por completo, nada mais restava senão se entregar às chamas.

Completamente abalado, infectado dá-se início a transformação. Olhos vidrados, coração derretido e com sua temperatura corporal subindo cada vez mais. Um novo ser começa aparecer, como se já tivesse existido e extinto uma nova visão, um novo sentido, um novo homem renasce como uma fênix, das cinzas ressurge, no fogo se afoga.

Um novo destino ele traça, novos caminhos terão que ser percorridos, novas missões, novos sentidos...

Neste novo cenário, ele se encontra perdido, sem saber como e para onde andar, e, o único desejo é se manter aquecido, envolto nas chamas.

Que as chamas nunca o abandone, que a chama nunca resfrie, que nunca mais ele volte ao seu antigo estado, gélido, que o fogo o faça viver, sem medos, com sua nova armadura incandescente.

21 agosto, 2007

Sem palavras

A noite que me sorria agora se abate.
Curtas palavras dilaceraram um desejo.
Não sei se fico, não sei o que eu vejo.
Seria isto um aviso, antes que seja tarde?

Sou culpado por demonstrar o que sinto?
Sou culpado por lhe querer, lhe bem-querer?
Amo sim, e isto eu não minto.
Amo você, e não canso de dizer.

Hoje meu corpo ficou nublado,
O meu amor não pode ser um fardo.
Acho que estou muito cansado,
Como é complicado amar, e ser amado.

17 agosto, 2007

Medo Gélido

Não sei o que está acontecendo,
Mas do gelo eu tenho medo,
Não sei se começo a viver,
Ou será o início do morrer.
Se para crer temos que viver,
Para não morrer vamos então ver.
Não quero deixar de me aquecer,
Não quero congelar e morrer,
Do gelo eu tenho medo,
Não sei o que está acontecendo...
Não sei o que está acontecendo!!!